sexta-feira, 3 de abril de 2009

A velhinha de Viamão

Bom gente... a coisa ta feia.. eu tenho estado muito sem tempo e n consegui escrever mais nada... essas é a ultima que eu tenho arquivada.. vou tentar escrever no final de semana.... boa sorte para min...

Esta cronica não fui eu quem escrevi. Ela foi escrita pelo meu tio Miguel, e foi publicada no jornal o alto Uruguai, de circulação nesta região. Eventualmente pretendo colocar eventualmente alguma cronica dele... Esta é baseada em uma história real.... compadre Tirícia é como esse meu tio chama meu pai.

O Compadre Tirícia estava por se aposentar. Filhos criados, casa grande, sempre cheia, casa de veraneio lá pras bandas de Itapoã, com a lagoa a lamber-lhe as janelas da sala, veleiro na enseada a espera de crescerem as águas, vida mansa, aquela que pedimos a Deus. Foi quando a Comadre Tere, cansada, das lides domésticas, resolveu trabalhar fora. Não que precisassem, pois as finanças, afinal, não iam tão mal assim. Acho que foi o tédio que empurrou a Comadre para fora de casa e, embora os protestos generalizados da família, não houve santo argumento que a demovesse da idéia. Lá foi o Compadre em busca de um terreno, perto de casa. Construiu ali o prédio onde a Comadre instalou seu salão de beleza. E ela mandou brasa. Maquiou, pintou, cortou, rebocou, alisou, poliu, retocou, tudo, em fim, pela estética de suas clientes, que se multiplicaram, com o passar dos anos. Pelo salão, conta ela, transitaram, e transitam, a grande maioria das senhoras da Vila Orieta, cada qual com seus problemas, suas histórias. Vidas que se foram revelando, enquanto a Comadre se transformava em confidente e conselheira nas intermináveis e sufocantes tardes do verão. Foi assim, entre tesourassos e pinceladas, que ela ouviu o causo da Velhinha de Viamão. Contou-lhe uma de suas clientes, que a tia, senhora de muita idade, vivia tomada pelo pânico, em razão da violência. Temia andar na rua, pois os assaltantes não respeitavam nem os velhos. Muito antes pelo contrário, valiam-se da fraqueza destes, para rouba-los covardemente, as vezes até com certa violência. Um dia a velha senhora, muito a contragosto, teve que visitar uma amiga adoecida. Seguiu até o ponto do ônibus, escoltada pelo neto mais velho, e embarcou, só, rumo ao outro lado da cidade. Na primeira parada, um homem jovem, grande e mal encarado, conforme seu relato posterior, sentou-se a seu lado. Pronto, pensou, quase em voz alta. É um assaltante ! . . . Viveu momentos de pânico, enquanto se recolhia ao fundo do banco, quase escondida. Foi quando percebeu que seu relógio havia sumido. Não é possível, tornou a pensar. Recém sentou-se ao meu lado, e já me tomou o relógio. Não, comigo não. Nem que tenha que fazer o maior escândalo, mas comigo vai ser diferente. E com a voz espremida por entre os dentes cerrados, os olhos arregalados quase a saltarem das órbitas, e toda a raiva do mundo, rosnou ao passageiro ao seu lado : - Entrega já o relógio ! . . . O homem, como quem não entendesse o que estava acontecendo, ficou a olha-la, surpreso. - Vamos, - repetiu ela, quase a gritar, abrindo a bolsa. Coloca o relógio aí dentro, ou faço a maior gritaria e vamos parar todos na polícia ! O homem mexeu-se no acento sem reação, enquanto a velhinha, ameaçadora, parecia querer pular-lhe encima. Lentamente, meteu a mão no bolso, tirou o relógio e enfiou-o na bolsa da velha senhora. Feito isso, levantou-se, apressado, e sumiu no fundo do ônibus, descendo na primeira parada. A velhinha ficou por alguns minutos paralisada, sem acreditar que tinha feito correr o facínora. Meu Deus, de onde fui tirar tanta coragem? E, ainda com as pernas bambas, segurou firmemente a bolsa bem fechada, dentro da qual um relógio soava seu tic tac tranqüilo. Neste momento, por entre as pregas da saia, escorregou um objeto metálico e brilhante, que caiu no chão do ônibus. Era o seu relógio. Agora ela tinha dois. A semana toda, esquecida dos medos, ela voltou ao mesmo ponto onde havia embarcado . Por várias vezes repetiu o trajeto, procurando, em vão , reparar a injustiça que cometera. Queria devolver o relógio, pedir desculpas. Nada. O homem tinha simplesmente sumido. Talvez estivesse enfiado em casa, traumatizado e jurando aos amigos e familiares que tinha sido assaltado por uma velhinha, no ônibus do Viamão. A Comadre Tere jura que a história é verídica. Quem sou eu para duvidar das histórias das velhinhas de Viamão.

3 comentários:

  1. nossa!
    tipo... nossa!!!

    o pior é que o pessoal do bãs deve ter achado que o cara tinha roubado o relógio dela, mesmo xD

    mas nossa!!

    (histórias de fisherman)

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  2. adoro essa história!!! xD reio só de lembrar... mas com essa narrativa, assim, ficou boa demais... mijando de rir aqui...

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  3. Eu conheço um cara. q tem um primo que conhece o subrinhoneto da velha... Dizem por esses dias que ela roubo um I-phone no onibus que vai pra capororoca....

    E eu acredito mesmo...

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